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Mostrando postagens de julho, 2011

Insumo

O insumo seria o bagaço da cana Que vira doce, açucar, rapadura e torna cana Que toma a gente como a gente a toma E nos consome em gomos até ficar em coma O insumo seria o bagaço laranja Que tem o amargo e tem o doce E a gente come como se nada fosse E a ácida casca mastigamos com olhos lacrimosos E por não se conseguir com gula Quando nada sobra da matéria bruta Então, em suma, resta o verso E se ainda ficou sumo no decorrer do processo Logo vê-se que faltou argúcia, não se viveu direito Trabalhar a amargura é o jeito certo Devolvê-la a doçura e nutrir-se dela Saturar, sugar até esgotá-la por completo.

Do Alto

A Arte é um quadro pendurado na sala de estar. Permeia o ar com o rumor de seu silêncio Enfeita o ambiente com sua presença sombria Enquanto os olhares receosos apenas a superfície lhe visitam Seu mistério sério e contudente nos envolve incisivamente Marca-nos com seu olhar tenro, sereno E os que ali a vêem assim inútil, inofensiva e inocente São estes que seguem improfícuos, levianos e ausentes Tomados pelo temor inexorável do além. Ó Arte, humano e onipresente espírito! Preces, dúvidas, indagações e desejos! Inusitada, seja como a volúpia do arrepio Vultosa, apareça como um sopro de calafrio Generosa, alimenta o ócio com ensejo Delicada, acalenta a alma com a própria vida Real, permaneça como um fantasma. Não urge nem age por desesperança ou descrença Perdure despreocupada com a sobrevivência. Jamais, a Arte, subestime! Ela nos assiste de cima Do alto da parede da sala do ser e do estar.