Poesia é som que ecoa adentro É a voz que brada forte e grita Não toma proporções tangíveis Afora, jamais se materializa Não quer transformar-se em ondas Para fatalmente minguar-se em física Existe feito o vento brando, leve brisa... Sopro repentino de inspiração e sentimento Como todo advento estranho, desconhecido Onipresença real inegavelmente sentida Opaca à ignorância dos céticos e cínicos Temida por sua serenidade excêntrica e convicta Certa apenas para aqueles que nela acreditam Esses afortunados, execrados, proscritos Detentores de fé invejável que ficam, fincam o pé E em sua crença fitam seu olhar autista, paralítico Poesia é representação ilógica desta proposta infinda Nunca pretende vir a ser para perdurar na busca exaustiva É a forma ideal, final, mas inconclusiva É a melhor maneira de se encarnar a vida