Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2011

Pela sua companhia

Pode pegar tudo que tenho e é meu Eu tomarei também tudo que é seu Fiquemos alienados, separados, alheios Dois universos juntos, assustados Imensamente vazios, cheios Daquilo que nunca nos pertenceu Mas não vá embora, cumpra seu papel Não me abandone assim Como o mundo me concebeu Antes de estar ao seu lado Antes mesmo de ser seu Vulnerável, sozinho, desamparado Perdido pelo acaso do adeus.

A Idéia Assombra

O mundo lá dentro é sempre absconso, sombrio A voz que se ouve é abafada de uma rouquidão agonizante As imagens que se vê, imagem nenhuma vem a ser São vultos turvos, apenas esboços marrom-acinzentados A atmosféra é densa, o tempo é fechado É sempre noite todas as horas do dia! O vento que assovia levanta nébula Enegrece mais o mero resquício da idéia As cores somente se materializam do lado de fora da vida Os olhos abrem passagem para esta realidade longínqua Morre o ideal preso à sombra entre paisagens divididas De resto, vira tudo lenda, mito ou invencionice frívola

Boneco de Pano

Vazio é seu peito Inexpressivos, seus olhos de botão Costurada é sua boca Inertes, seus membros de algodão Se pensas sentires algo É que enganas a ti mesmo És vítima da própria essência Isenta do efeito humano do ímpeto Imune a sua voraz inconseqüência Se pensas sentires vivo Mentes desesperadamente Pois, tu sabes, és ninguém Salvo mero vulto da idéia de outrem Pereces encostado num canto Sem sangue, sem veia nem pulsação Paralítico, largado, jaz esquecido Longínquo ao sopro divino da paixão Da tua mórbida presença, pouco fazem Por ti, passam feito sujeira na passagem Ninguém desconfia tamanha vaidade Ficas ali, ao relento, fora da embalagem Não sentes ódio nem sentes amor Não sentes culpa nem sentes dor Quão mais complexo é o carma Do ser vivente, errante e sofredor

Adorável Imprecisão

Venha-me a graça Com um gesto sereno, construa! Venha-me a desgraça Com a força obscura, destrua! Igualmente lidarei com elas Com suficiência imprecisa De vigoroso furor, De tranqüilidade e sesta. Levo comigo a desconfiança Que viver assim possa ser a medida certa Quase convicto de que o instinto é a meta A régua para medir a satisfação inquieta Deixa! Deixa-me aqui! Deixa-me assim! Deixa estar! Cada passo meticuloso e prescrito Uma nova incerteza, um outro lugar... Quem saberá? Dos mistérios impossíveis, emerso Conforto-me numa ingenuidade incrédula Plenificado, perdido e liberto Pelo caminho daquilo que me é Transitoriamente incorreto.