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Mostrando postagens de 2009

Jornada do Amor Platônico

Quem pode medir distâncias Limitar o tempo Alienar o valor da vida Destruir meu bom senso? Quando penso em você Minha mente é sem precedentes Minha dimensão rompe limites E tudo mais é relativo... Quando penso em você, O longe se torna perto O vago se torna o certo O abstrato, o concreto O tempo se expande no infinito. Quando penso em você, A realidade é inconsistente O absurdo é minha razão Onde me aventuro indiferente Na veracidade da pureza da minha ilusão... E quão longe é o distante Quando penso em você? Viajar é como tudo mais Basta fechar olhos e te ver. Quando te vejo Sua beleza preenche meu vazio Sua meiquice transparece meu espírito Meus poros são os meus olhos Que reluzem intenso interno brilho. Sou luz e a meu redor ilumino. Enxergo mais longe, sou menos modesto. Pois diante de ti o mundo desaba Na simplicidade do seu complexo. Triste é a sina do meu entusiasmo Embora ainda sedento Minha peripécia acaba Onde começa meu lamento. Cans

A vida do rio

Em suas águas Seguem inundadas As mágoas da população ribeirinha Fica com ele, em seu curso O olhar perdido, o pensamento longe O lado mais íntimo, mais obscuro Sofrimento de outras e outras sinas Coisas que já não pode carregar Enquanto passeia sob meus olhos Tento infamemente apronfundar, resgatar Tirar de suas águas anoitecidas O que é segredo confiado E nele perecerá... Sangra, meu amigo ferido! Sangra seu destino em veia única Levando a desembocar o desconsolo Abrindo caminho para o imcompreendido De sonhos e ideais não conseguidos Alimentados, cultivados e supridos Pagos com brio À vida do rio.

Metáfora

Metáfora s. f., sentido figurado. Diz o pai-dos-burros... Li e não entendi. Antes, via as coisas assim Relativamente Indiferente ao significado Pela forma que elas se encaixavam Em harmonia sinérgica Palavra e contexto faziam sentido E todo sentido era figurado. Agora já não entendo... Formas retas, sem entrelinhas É o que vejo Absolutamente! Fiquei burro eu Ou ficou tudo chato!

Excentricidade

Se, porventura, eu enloquecesse Sendo louco logo abandonaria O sentido habitual da palavra. Ao "sem sentido", empregaria O legítimo âmago do significado Se, por acaso, eu enlouquecesse Atingiria um degrau acima do insensato Onde até os loucos atuais balbuciam Desnorteados pela altura inalcansável Trepidam por não se saberem soltos Ora! Olhe de cima pra baixo e vede Quem é pra ser, que, de fato, sede Se, na imprudência, aventurasse Quereria ir além e sempre mais Obstinado pela natureza do absurdo Consumado pelo desejo contumaz. A conjuntura do todo seria pouco Pra quando me intitulasse louco Costumávamos ser todos loucos Mas a covardia educou-nos a alma A insanidade padece enclausurada Sufoca numa casca espessa e polida Abafou-se a voz veemente intrínseca Que contudentemente gritava e feria Mais alto que todas as razões da vida Esses loucos de hoje em dia... Já não deliram mais sozinhos Não conversam mais consigo Perambulam meticulosamente Domados, amestrados, mesquinhos Por u

Meu Mar

Navego... Sem plano nem planejamento Sem barco nem bússola Sem vela nem vento Contra-almirante da deriva Rumo ao desbravamento Avante à terra nenhuma Confins do confinamento Ó meu bravio! Ó meu fomento! Meu medo... Meu mar... Meu mar... Meu medo... Navego...

Definhar, definhar e nunca morrer...

Antes tivéssemos da vida uma experiência benéfica. No cerne da inocência cujo cinismo hediondo impera Uma dúvida sobre a lição fica, no ar, impregnada Apenas o aprendizado nos resta. Ninguém é inofensivo! Somos perversos e nocivos. Esboçamos no rosto o sorriso maligno E com olhar concentrado de desdém Fitamos o próximo com fome de desesperados Peçonhentos, Caminhamos altivos enquanto caem ao nosso lado Passamos por cima de restos e pedaços Desenhamos a indiferença em rastos Tatuados nas costas dos cansados Nos alimentamos de soberba. A soberba seca nossos olhos E molha nossos lábios E continuamos desnutridos, inquietos, ávidos... Esperamos nos dar bem... Esperamos a desgraça de outrem Fingimos não sabermos que cairemos também (O medo do próximo...) Começamos a matar sem conceber No momento em que somos concebidos Começamos a do ar morrer No instante do primeiro suspiro Da própria sobrevivência, adoecidos (Escravos de nossas criações, vítimas de nossos dons

Meu real abstrato

Meu real é abstrato Minha verdade é relativa Maleável, resiliente, expansiva. Acredito em Deus Como acredito na vida Disforme, inodora, insípida. Acredito no caos. Acredito no imoral, no amoral, no imortal. Sem saber aonde vou, se vou chegar Passeio pelo acaso que rege Aquém da crença fanática Além da concepção herege Do invisível, do sobrenatural, do paranormal. Relapso por princípio, por natureza, por instinto Perco-me por caminhos desnexos Com desleixo de quem não quer encontrar. Trafego pelos becos mais abandonados e esquecidos Escuros, macabros e arredios Sigo sem traçado indiferentes trajetórias Entupindo brechas, tapando saídas Devaneando, com destreza, nas vias da vil filosofia Congestionando, de bom senso, inteira avenida...

Verdade. Asas, não possuo Disponho de outros mecanismos Ideais para alcançar o inatingível Absorto no império dos sentidos Na sutileza das sensações Maquinais e espontâneas Inebrio, dissimulo, finjo Asas? Apenas inumanos precisam delas Tenho a fé Caprichosa artesã do verdadeiro enigmático

Sentido

Palavras Não me ditam Eu as escrevo Paciência é preciso Quase não a tenho Pacientemente assisto Conceitos se fundirem Numa única coisa Indistintamente Coisa nenhuma Indivisível Sentido

Desencantado

"Sossega teu coração", amigo, desencanta! Tudo ao redor é mentira. Engana. Mostre seu talento em comum Numa alegria artificial incomum Pois o mundo, indiferente, persevera igual Hoje como ontem, amanhã como sempre, assim por diante etc e tal... Caótico como de costume Numa casualidade quase fúnebre Um descaso hipnótico pseudo-natural. "Sossega teu coração", amigo, escuta! Pela manha, vista sua armadura Esconda seu medo Enfuna-se de cisnimo e despejo Esconda sua amargura Arremate a trivialidade cotidiana caduca Dentro de si, descanse em paz Para sempre, para nunca Desencabula! Continua! Tranquilo e sozinho Sozinho, continua... Conte com a medicina Talvez, sua única amiga Peça-lhe uma nova pílula A pílula anti-concepção! Não leia a bula. Engula! Te cura! Melhor! Compre um novo coração Mecânico, de preferência, infalível! A resiliência da alma traz riscos A imperfeição da carne é proibido Sossega, homem, te aviso! "Sossega teu cora

Fôlego

Nada fui Sou ninguém Nunca pretendi ser Prezo pelo benefício da vontade E não mais quero saber Deixarei as perguntas ficarem no ar suspensas Sem razão, sem trégua, sem deixar de existir Amortecidas em reticências Amontoadas em suas deficiências Petrificadas em suas irrelevâncias Agora elas me contemplarão à distância Fora de alcance, como, antes, fazia, eu Assim, despretenciosamente Desprendido do tempo, madrugado Numa peculiar manhã de céu azul e sol resplandecente Olharei pra cima e cegarei a espreguiçar Expurgar, esquecer, enxergar Tomar meus sonhos em abraços Na liberdade de outros ares Sem medo de sentir medo, sentirei Como as árvores sentem os ventos Sem medo de consentir, consentirei Em perspectiva iminente, revendo A beleza transparente das coisas Tão nobres e tão encantadoras Tão claras e tão belas quanto reais Vislumbrando a mansidão do firmamento Extasiado de volição e vazio de pensamentos Descansarei meu olhar evasivo num sorriso ameno Convencido de que vivera pouco,

Poema do Tempo que Não Passa

No silêncio, no escuro Na solidão do meu delírio No delírio do meu autoconsumo... Um poema me insurge a mente. Como um aviso Um alerta furtivo. Atrás de cada verso, A fúria discreta Da sátira que existe Entre a tristeza e a dúvida Uma observação sem meta Uma linha constante de raciocínio Uma conclusão sem fim. É um poema que não é do dia-a-dia, Da noite após dia... Talvês de uma só noite, de um só dia... Não podia ser mais claro, se assim não o fosse... Ele vem feito um segredo Um poema mudo, uma toada triste, instrumental. Um choro brando, um grito cortante de profundeza abissal Um suspiro longo....um desabafo! Repleto de conteúdo, Porém livre de significado. Conta, exprime, desmancha o mundo. Isento de palavras, eu o traduzo... Pois palavras são prisões de conceitos Bruscas interrupções da mutação das essências, Da agonizante continuidade do tempo. Enquanto o ouço A mesma proporção de que um alívio toma conta de mim, Como quem concorda plenamenamente, Ele desaparece lentamente Então

Para Sempre Aspirante

Escrevo por necessidade, por instinto Labuto com esse mísero mecanismo Firo-me para alcançar o que sinto Sofro ao ferir a regra gramatical. Alguém, por favor, eu suplico Ensina-me a atingir a linguagem espiritual...