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Poema do Tempo que Não Passa

No silêncio, no escuro
Na solidão do meu delírio
No delírio do meu autoconsumo...
Um poema me insurge a mente.
Como um aviso
Um alerta furtivo.
Atrás de cada verso,
A fúria discreta
Da sátira que existe
Entre a tristeza e a dúvida
Uma observação sem meta
Uma linha constante de raciocínio
Uma conclusão sem fim.
É um poema que não é do dia-a-dia,
Da noite após dia...
Talvês de uma só noite, de um só dia...
Não podia ser mais claro, se assim não o fosse...
Ele vem feito um segredo
Um poema mudo, uma toada triste, instrumental.

Um choro brando, um grito cortante de profundeza abissal
Um suspiro longo....um desabafo!
Repleto de conteúdo,
Porém livre de significado.
Conta, exprime, desmancha o mundo.
Isento de palavras, eu o traduzo...
Pois palavras são prisões de conceitos
Bruscas interrupções da mutação das essências,
Da agonizante continuidade do tempo.
Enquanto o ouço
A mesma proporção de que um alívio toma conta de mim,
Como quem concorda plenamenamente,
Ele desaparece lentamente
Então se cala de vez...
Sobra aí um homem livre
Que, embora cheio de questionamento
Encontra–se mais certo de si
Do que outro que tenha resposta pra tudo...
Se a natureza não me limita a alma
Nada ousa fazê-lo
Pois minha verdade é a minha abrangência
Tudo que entendo como unidade
E é tão homogenia
Que se torna vaga...

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