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Desencantado

"Sossega teu coração", amigo, desencanta!
Tudo ao redor é mentira. Engana.
Mostre seu talento em comum
Numa alegria artificial incomum
Pois o mundo, indiferente, persevera igual
Hoje como ontem, amanhã como sempre, assim por diante etc e tal...
Caótico como de costume
Numa casualidade quase fúnebre
Um descaso hipnótico pseudo-natural.

"Sossega teu coração", amigo, escuta!
Pela manha, vista sua armadura
Esconda seu medo
Enfuna-se de cisnimo e despejo
Esconda sua amargura
Arremate a trivialidade cotidiana caduca
Dentro de si, descanse em paz
Para sempre, para nunca
Desencabula! Continua!
Tranquilo e sozinho
Sozinho, continua...

Conte com a medicina
Talvez, sua única amiga
Peça-lhe uma nova pílula
A pílula anti-concepção!
Não leia a bula. Engula! Te cura!
Melhor! Compre um novo coração
Mecânico, de preferência, infalível!
A resiliência da alma traz riscos
A imperfeição da carne é proibido
Sossega, homem, te aviso!

"Sossega teu coração", amigo, renegue!
Nas linhas tortas onde Deus escreve
Nada consta em questão de Justiça
E sua causa perdida prescreve.
Abaixo sua esperança enfraquecida
Leis arbitrárias e facínoras prevalecem
E certas coisas erradas, erradas permanecem...

Ah mundo sem solução!
É... Sem solução. Tenha certeza.
A carne conduz a alma em condição enferma
O alma submete a vida numa solidão sem cura...
Sossega-te, homem, convalesca!
Mata esse amor que te perturba

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