Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2012

O Semideus

Ó Nobre Criatura! Acaso teu imenso orgulho superou teu talento? Por que te misturas entre os reles mortais Perambulando entres os fracos e imperfeitos? Por que te sujeitas aos olhares pequenos? Pois tua lamúria se escuta em alto e bom som Tua aparição se vê em vestes de carne e esqueleto. Por que não estais também pregado na cruz Sacrificando-se pelo próximo em santo sofrimento? Por que não levita e te elevas agora mesmo E finalmente desapareça da vida terrena? Ou simplesmente cala-te e te submeta! Não! Não tens tamanha paixão! E não há nada em ti que inspire ou te enalteça! Teu lugar não é nas alturas te entretendo Nem acima nem abaixo julgando, jogando Raios e trovões em nossas cabeças. Teu lugar é bem aqui na gravidade da matéria Sinta teus pés, tua pele queimando grudados nela! Segure tua angústia e guarde bem tua infâmia Por menos profana ou nojenta que seja Aguarde a morte na fila da ignorância suprema Sue, chore, sangre, sofra, erra e padeça Feito o mai

Pulvi es(et pulverem reverteris)

-Veja! -Me olha, me inveja, me copia! Enquanto a humanidade se enfuna do seu próprio ego Num grotesco festival de abastardamento e autofagia Esquecemos as adversidades com sabores diversos Babando na mesa com a voracidade ensandecida Bobos e extasiados com versatilidade do menu Com tola infantilidade de por na boca o que na mão possui Devoramos a vermelhidão suculenta da carne Tão charmosa, tão gostosa, irresistível, irrecusável! Levados pelos prazeres óbvios, obscenos, imediatos Escravizados pela alternativa efémera, fácil, fugaz Padecemos do hábito irremediável de ser humano Completamente falível, alheio, perdido, vulnerável Certamente, um dia, tudo estará arruinado. Da inevitável decadência, ninguém escapa! No final iremos todos juntos para o inferno Com a boca suja de diamante, ouro e prata Lambuzados, felizes, sorridentes de mãos dadas Lavaremos nossas almas putrefatas Na frieza da fogueira mais ingrata! Aquela que não discrimina, nem vê nada Que assim sej

O Desejo da Puta

A puta observa o dinheiro deixado na penteadeira Ela fixa o olhar com certeza de que está tudo ali Mas com a desconfiança vazia de lhe faltar algo... Ela vê o conserto da goteira do seu quarto fétido Um novo vestido,maquiagem, novos lençóis e cortinas O arroz e o feijão, fralda e leite ninho para o menino Que chora ao pé da cama recém-usada, alheio ao destino “O que será? Eu contei errado?” -pensa ela Tomada por uma mágoa mórbida, ela descobre Está tudo ali: a sobrevivência de um novo dia. Faltava-lhe apenas a vontade de viver um outro dia...

Pequeno Notável, Programa Papo Literário, TV CEARÁ

Olá, Amigos novamente tive um poema recitado pela TV Ceará. Assistam abaixo. Abraço a todos. Pequeno Notável Só existo quando apareço aos seus olhos Breve momento gratificante que me faz Acreditar que sou algo além, algo mais Daquilo que consigo, do que me mostro Daquilo que não basta, que não satisfaz Quando sua atenção se desvia Aquele breve momento se desfaz Aquela forma morta se modifica Para algo além da vida Para algo além do mais...

Isto Posto

A quem eu quero enganar?... O trânsito, o engarrafamento, o stress, os eventos O fashion, a crise econômica do momento A política, a corrupção, a falência humana A tradição moral decrépita, fútil e decadente A extinção preeminente da vida orgânica As guerras e a paz aparente. Se vai fazer sol, se vai chover. ou se vai trovejar Os dias seguem arrastados, maçantes, iguais... Quanto a mim, sou essa redução de estômago Vinculado à insignificância do meu decorrer À ridícula idiossincrasia que somente eu Nesta vida, em todo o universo, vou desconhecer E comigo, ao meu lado, o todo que me excede Vai putrificar, definhar e inevitavelmente perecer Na intransponibilidade silente de seu próprio ser

Desarme

O mundo te me mostra de maneira injusta Como de praxe, vulgar e diurna. Contrária às estátuas exuberantes absurdas Tua proximidade expõe outras rachaduras Nem a obscuridade da vaidade mais humana Nem qualquer outro entorpecente me engana. Perto de ti, mais seguro me sinto, mas indefeso … Te abraço num sorriso, te recebo num beijo És tu agora, junto comigo, invulnerável paixão Infinito amparo para minha mutante perfeição

PAPO LITERÁRIO, TV CEARÁ

Olá, amigos recentemente tive a felicidade de ter um poema declamado na TV Ceará, programa Papo Literário. O poema chama-se "Um ponto de eternidade" do livro "Impressões". Confiram no link abaixo: Um Ponto de Eternidade Enquanto seu cabelo me cobrir Enquanto seu cheiro me perfumar Cada minuto será um sonho A se realizar... Enquanto você sorrir Enquanto me beijar E sorrir e beijar Ao mesmo tempo, impensado Será teu! Meu tempo, meu espaço Todo momento, em todo lugar... Você é um instante fora daqui Fora da circunfluência sem fim Um ponto que me tange Num ponto de eternidade... ________________________________________________________________________ Abraço a todos

Horas Mortas

TIC-TAC, TIC-TAC, TIC-TAC Caminha, incansável, o ponteiro de segundos Rumando sempre para a mesma estação Marcando, passo a pequeno passo, o vazio Das horas mortas de sofreguidão TIC-TAC, TIC-TAC, TIC-TAC Comedindo o tempo esgotado Barulha a mecânica existencial Mas a máquina, de fato, não existe Apenas o tempo retilíneo é real

Soneto do Rei Álacre

Alguns anseiam construir império Outros contentam estar no mesmo Sobretudo mais presunçoso sou eu Que, supremo, por estas linhas, reino Minha vaidade está completa Minha ambição foi satisfeita Fui rei tirano, fidalgo e plebeu Soem, o choro, as trombetas! Aqui sou autoridade unívoca Soberbo, soberano me sei bem A leveza da expressão, exerço Livre por arbítrio da palavra, porém Escrevo, feliz, estes versos Sem nunca subjugar ninguém

Não me entendas

Te equivocarás! Isto que tu veres É passageiro e fugaz Não me intentas! Aquela paz entusiasta, não verás Indo do indeterminado ao ignoto Em outro estado, já me encontro Exaustivamente pasmo pergunto: - Onde estou?