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Mostrando postagens de outubro, 2011

Pequeno Notável

Só existo quando apareço ao seus olhos Breve momento gratificante que me faz Acreditar que sou algo além, algo mais Daquilo que consigo, do que me mostro Daquilo que não basta, que não satisfaz Quando sua atenção se desvia Aquele breve momento se desfaz Aquela forma morta se modifica Para algo além da vida Para algo além do mais...

Persona Non Grata

Então aí está você! De certo, veio me zombar De fato estavas certa Tenho que me conformar... Aquilo não é para nós Criaturas periféricas, rastejantes Soturnas, obscuras, repugnantes Nós que vivemos de matéria-prima Nós que enxergamos além da noite Atravessamos o dia a espreitar Para que fui me aventurar? Agora eu sei, não pertenço àquele lugar. Enganosa vaidade que me contrariou o temperamento Equivoquei-me à simplicidade que me é peculiar Logo na entrada me tacharam de intruso Acuado, andei pelos corredores da soberba Entre os olhares alvoroçados de desdenho Sai escorraçado, cabisbaixo, diminuto Nem sequer pude me apresentar! Barata, minha amiga! Vamos comemorar... Aqui me encontro de volta! Chame nossas colegas Aranhas e cobras, morcegos e lagartixas Um brinde ao breu da escuridão e da noite! Um brinde ao nosso lar! Fiquemos por aqui Comendo e bebendo pelas bordas Rumo ao miolo! Rumo ao centro! Enquanto a humanidade se afoga Em seu próprio excremento!

O Funcionário Exemplar

(...) e as palavras foram surgindo Acomodando-se lado a lado E os versos foram se formando E as rimas, quem diria!, compareceram Bem-vindas e espontâneas... Um poema desemaranhou-se Mas não estava pronto. Eram três e meia da noite Abriu os olhos perplexos Contendo-se num suspiro indignado Após um breve pausa interior Cessou-se o estro! Aspirou, consigo mesmo: - Um dia desses, quem sabe? Um dia desses serei poeta! É! Funcionário do amor! Exemplar na tristeza Compenetrado na dor Competente na saudade Assíduo na felicidade! É! Um dia desses!... Um dia desses, acordo tarde... Assim ficou... O entusiasmo deu lugar ao antigo marasmo Franzindo a testa feito menino emburrado Passou a noite em claro De olhos vermelhos, pensamento vago O poema anoiteceu e ele, Pontualmente, amanheceu Sonolento e inconformado...

Expresso

Não sei... Apenas sinto... Mesmo que saiba, não existo! Não vejo, não ouço, não digo Sou esta mão que escreve Involuntária e freneticamente Veia pulsante, sangue fervente O coração, músculo pungente A ideia fixa, convicta, latente A palavra solta, independente O verso espontâneo, perene Um poema leve, displicente A paz, a alma, a calma Lentamente.. Não sei... Não vejo, não ouço, não opino Nem sequer existo! Apenas sinto...