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Expresso


Não sei...
Apenas sinto...
Mesmo que saiba, não existo!
Não vejo, não ouço, não digo

Sou esta mão que escreve
Involuntária e freneticamente
Veia pulsante, sangue fervente
O coração, músculo pungente
A ideia fixa, convicta, latente

A palavra solta, independente
O verso espontâneo, perene
Um poema leve, displicente
A paz, a alma, a calma
Lentamente..

Não sei...
Não vejo, não ouço, não opino
Nem sequer existo!
Apenas sinto...

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