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O Funcionário Exemplar

(...) e as palavras foram surgindo
Acomodando-se lado a lado
E os versos foram se formando
E as rimas, quem diria!, compareceram
Bem-vindas e espontâneas...

Um poema desemaranhou-se
Mas não estava pronto.
Eram três e meia da noite
Abriu os olhos perplexos
Contendo-se num suspiro indignado
Após um breve pausa interior
Cessou-se o estro!

Aspirou, consigo mesmo:
- Um dia desses, quem sabe?
Um dia desses serei poeta!
É! Funcionário do amor!
Exemplar na tristeza
Compenetrado na dor
Competente na saudade
Assíduo na felicidade!
É! Um dia desses!...
Um dia desses, acordo tarde...

Assim ficou...
O entusiasmo deu lugar ao antigo marasmo
Franzindo a testa feito menino emburrado
Passou a noite em claro
De olhos vermelhos, pensamento vago
O poema anoiteceu e ele,
Pontualmente, amanheceu
Sonolento e inconformado...

Comentários

  1. Desde a primeira vez que li esse poema, percebi seu talento em fazer prosa com versos.E sempre que eu reler, ficará cada vez mais incontestável!

    :)
    Andréia

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