Lua cheia, mata cheia Uma pinga, um facão Meia-noite, noite límpida Uma isca, um violão O rio desce com força e correnteza Um silêncio permeia o ar e me apraz No rosto, desenho um sorriso travesso O rio segue o riso em seu leito voraz Sentado na beira da proa Erguendo o velho caniço de ponta quebrada Com um pedaço de linha mal amarrada E com pés molhados, imersos, à toa Assisto alheio o angu desmanchar na água Ensaiando assim uma pescaria mal amanhada Para a febre das piabas Minha atenção descançava noutro lugar. Lá!... Sobre o afago das ondulações No mistério camuflado na profundeza Sob o manto cintilante estrelado Onde a luz que persevera Ao incidir na imensidão A perder-se em linha reta Vi essência e vi beleza De todas essas incertezas Que me perturbam a imaginação Na constância do tapete fluvial Um grande ponto de interrogação E o peixe, que nada sabe sobre isso Interrompe minha pesca Ao desfisgá-lo, escorrega E cai da minha mão... Aí me vem frus...