-Veja! -Me olha, me inveja, me copia! Enquanto a humanidade se enfuna do seu próprio ego Num grotesco festival de abastardamento e autofagia Esquecemos as adversidades com sabores diversos Babando na mesa com a voracidade ensandecida Bobos e extasiados com versatilidade do menu Com tola infantilidade de por na boca o que na mão possui Devoramos a vermelhidão suculenta da carne Tão charmosa, tão gostosa, irresistível, irrecusável! Levados pelos prazeres óbvios, obscenos, imediatos Escravizados pela alternativa efémera, fácil, fugaz Padecemos do hábito irremediável de ser humano Completamente falível, alheio, perdido, vulnerável Certamente, um dia, tudo estará arruinado. Da inevitável decadência, ninguém escapa! No final iremos todos juntos para o inferno Com a boca suja de diamante, ouro e prata Lambuzados, felizes, sorridentes de mãos dadas Lavaremos nossas almas putrefatas Na frieza da fogueira mais ingrata! Aquela que não discrimina, nem vê nada Que assim sej...