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Mostrando postagens de março, 2010

Ator Peregrino

Quem sou eu na verdade? Sou a ânsia do ser Sem de fato nunca vir a sê-lo Sou um ator peregrino Andarilho dos campos do desespero Atuante nos palcos divinos Da trágica comédia humana Das tribos sociais Vagueio feito retirante Pelos terrenos culturais Sou ator gafanhoto Estudo seu comportamento Decoro seus padrões Me habituo aos seus gostos Incorporo seus trejeitos Consumo seus valores Sou aceito como membro Participo de seus rituais Traço e coleciono Todos os perfis individuais Sou um ator peregrino Figurante dos palcos divinos Redutos de escravos sociais Quem sou eu pra dizer? Sou apenas a ânsia do ser Sem de fato nunca vir a sê-lo Sou escravo de mim mesmo Protelo de minha volição Proíbo-me terminantemente de me adaptar Quem sou eu pra falar? Não sou daqui, não sou de acolá Não tomo parte, nem me deixo levar Estou de passagem, vou sem bagagem Qualquer antro sujo pode ser meu lar Sou apenas um ator peregrino Saltimbanco do teatro divino Me disponho, me visto e me divirto Do vasto figuri...

Felicidade passeia...

Assim de repente a alegria voltou... Acostumei acreditar que ela aqui morava Mas ela apenas por aqui passava Perambulando pelas redondezas Na liberdade que só ela traz Trouxe fôlego, coragem e leveza Trouxe paz... Visitante inquieta e egocêntrica Dissoluta, intempestiva e fugaz Assim é minha felicidade, alheia De vez em quando, enquanto quer Minh'alma, ao improviso, desnorteia Prisioneira de sua mercê Escrava de sua arbitrariedade Sem prévio aviso e rotineira Sou, eu, mero espectador Enquanto minha felicidade passeia

Toda velocidade à frente

Sigamos em frente! Mesmo que não saibamos aonde vamos Mesmo que à frente haja um abismo e nele caiamos Mesmo que ele seja tão profundo que caiamos eternamente. Quem sabe, em meio ao desespero da queda O medo cesse lentamente E assim, pairando no ar de tal forma Livres de nossos pesos Errabundos que somos Esqueçamos da queda, do abismo, do fundo (Já não estaríamos caindo mais...) Isentos dos devaneios dos pensamentos Ao vão do silêncio, do tudo, do nada Ao vento que, em nosso rosto, bate brandamente Quem sabe, finalmente descubramos Ou, pelos menos, nos rendemos e aceitamos Essa verdade tão clara e agradável quanto iminente Talvez seja esta mesmo nossa única forma de voar... Mas e se o fundo não for tão profundo? Ora! O que é a vida afinal senão um caminho rumo à morte? E o que é a morte afinal senão uma passagem para algum lugar desconhecido Mesmo que esse lugar seja simplesmente o nada?... Quem sabe!... Quem saberá?...