Pular para o conteúdo principal

Insumo

O insumo seria o bagaço da cana
Que vira doce, açucar, rapadura e torna cana
Que toma a gente como a gente a toma
E nos consome em gomos até ficar em coma

O insumo seria o bagaço laranja
Que tem o amargo e tem o doce
E a gente come como se nada fosse
E a ácida casca mastigamos com olhos lacrimosos

E por não se conseguir com gula
Quando nada sobra da matéria bruta
Então, em suma, resta o verso
E se ainda ficou sumo no decorrer do processo
Logo vê-se que faltou argúcia, não se viveu direito
Trabalhar a amargura é o jeito certo
Devolvê-la a doçura e nutrir-se dela
Saturar, sugar até esgotá-la por completo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Desejo da Puta

A puta observa o dinheiro deixado na penteadeira Ela fixa o olhar com certeza de que está tudo ali Mas com a desconfiança vazia de lhe faltar algo... Ela vê o conserto da goteira do seu quarto fétido Um novo vestido,maquiagem, novos lençóis e cortinas O arroz e o feijão, fralda e leite ninho para o menino Que chora ao pé da cama recém-usada, alheio ao destino “O que será? Eu contei errado?” -pensa ela Tomada por uma mágoa mórbida, ela descobre Está tudo ali: a sobrevivência de um novo dia. Faltava-lhe apenas a vontade de viver um outro dia...

Caravana

É grande o peso que carrego? Não importa. Se tiver que levar, eu levo Se não conseguir andar, arrasto Se, de repente, cansar, eu paro Mil anos parado, aguardo... Enquanto há fôlego, há pulso Mesmo parado, prostrado Eu continuo! Grande é o peso que carrego... Se tiver terra onde errar, eu erro Se tiver pecado pra pecar, eu peco Se não puder falar, escrevo Se estiver escrito, apago Se não puder escrever, eu penso Mesmo que seja proibido Se tiver que fazer, eu faço! O peso é grande, mas eu o carrego... Carrego porque sou levado Pois algum dia, quem sabe, levanto Levanto porque sou erguido Erguido pela força de mil braços Clamor ao céu leva o suplício Mil gritos urgem atrás dos tímpanos “Continua…” Continua porque a vida não é minha Ela quem nasce, cresce e caminha Caminha porque me é alheia Força que Deus provê e determina Eu, apenas, um acidente na areia Continuo porque é minha sina Uivando, gemendo, pedindo Levado porque a natureza quer e precisa ...

PAPO LITERÁRIO, TV CEARÁ

Olá, amigos recentemente tive a felicidade de ter um poema declamado na TV Ceará, programa Papo Literário. O poema chama-se "Um ponto de eternidade" do livro "Impressões". Confiram no link abaixo: Um Ponto de Eternidade Enquanto seu cabelo me cobrir Enquanto seu cheiro me perfumar Cada minuto será um sonho A se realizar... Enquanto você sorrir Enquanto me beijar E sorrir e beijar Ao mesmo tempo, impensado Será teu! Meu tempo, meu espaço Todo momento, em todo lugar... Você é um instante fora daqui Fora da circunfluência sem fim Um ponto que me tange Num ponto de eternidade... ________________________________________________________________________ Abraço a todos