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Insumo

O insumo seria o bagaço da cana
Que vira doce, açucar, rapadura e torna cana
Que toma a gente como a gente a toma
E nos consome em gomos até ficar em coma

O insumo seria o bagaço laranja
Que tem o amargo e tem o doce
E a gente come como se nada fosse
E a ácida casca mastigamos com olhos lacrimosos

E por não se conseguir com gula
Quando nada sobra da matéria bruta
Então, em suma, resta o verso
E se ainda ficou sumo no decorrer do processo
Logo vê-se que faltou argúcia, não se viveu direito
Trabalhar a amargura é o jeito certo
Devolvê-la a doçura e nutrir-se dela
Saturar, sugar até esgotá-la por completo.

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